A mobilidade urbana em grandes centros muitas vezes é um desafio para muitas pessoas, mas no que se refere a segurança nas ruas, existe um público que se torna ainda mais vulnerável
Uma recente pesquisa, realizada entre 30 de julho e 10 de agosto de 2021 pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com a Locomotiva, com apoio da ONU e da Uber, revelou que existe uma sensação geral de insegurança pela população quando o assunto é o deslocamento pelos grandes centros urbanos.
Ao olhar ainda mais de perto a pesquisa, fica evidente que a sensação de segurança se acentua em determinados grupos como mulheres, as populações negras e de baixa renda, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência, uma vez que esses públicos se declaram mais vulneráveis e inseguros no que se refere a segurança pública.
O que de fato a pesquisa revela sobre a segurança urbana?
- Apenas 16% das pessoas que circulam pela cidade sentem-se plenamente seguras em seus deslocamentos;
- 31% dos entrevistados acreditam que pessoas com deficiência fazem parte do grupo que mais correm riscos de sofrer violência no deslocamento pela cidade;
- Para 50% do grupo LGBTQIA+, há maior percepção de risco de violência referente ao deslocamento de pessoas trans e homossexuais;
- 81% das mulheres já sofreram violência em seus deslocamentos pela cidade;
- 77% das mulheres acham os espaços públicos mais perigosos para elas do que para os homens;
- Para 72% das mulheres, o tempo para chegar ao trabalho influência na decisão de aceitar um emprego ou de permanecer nele.
- 68% das mulheres têm muito medo de sair sozinha à noite no bairro onde mora;
- 54% das mulheres já sofreram importunação sexual no ônibus;
- 67% das mulheres negras sofreram racismo quando estavam a pé;
- 97% das entrevistadas afirmaram ter sido vítimas de assédio em meios de transporte;
“O estudo aponta que, hoje, as mulheres não têm segurança para se locomover pelas cidades. Elas são assediadas, seja nas ruas ou nos meios de transporte, quando saem para trabalhar, levar as crianças para a escola, se divertir… Para que as mulheres tenham mais autonomia, precisamos de políticas de combate à violência que incluam o olhar para esses deslocamentos”, aponta Maíra Saruê Machado, diretora de pesquisa do Instituto Locomotiva.
Além de trazer dados importantes que nos ajudam a ampliar a nossa consciência sobre as diferenças existenciais entre as classes sociais e de gênero, a pesquisa aborda de forma direta e reveladora o medo real e justificado da realidade diária de mulheres em todo o país.
Para que haja uma mudança nesses números, antes de mais nada, estudos como esse precisam ser debatidos por membros da sociedade civil e figuras políticas, de modo a traçar metas para estabelecer parâmetros de mudanças que alterem o atual cenário de segurança pública para as mulheres e públicos mais vulneráveis, a fim de proporcionar ambientes urbanos seguros e confiáveis para esses grupos.