Dados do relatório Esgotadas da ONG Think Olga mostram que 57% das mulheres entre 36 e 55 anos cuidam de alguém, mas como esse trabalho invisível as afeta?
A sobrecarga de tarefas que as mulheres enfrentam na sociedade é uma questão crônica que perdura ao longo da história. Em um país onde a cultura patriarcal é tão predominante, as mulheres frequentemente se veem obrigadas a desempenhar múltiplos papéis, suportando uma carga desproporcional de responsabilidades que tem um impacto significativo em suas vidas, carreiras e bem-estar emocional.
Este papel central no cuidado doméstico envolve uma infinidade de atividades, como limpeza, culinária, compras, cuidados com os filhos, pais e parceiros, entre outras tarefas que, infelizmente, não recebem o reconhecimento devido por serem frequentemente rotuladas como “deveres femininos”. A pergunta que fica é: “Quem cuida daquelas que cuidam?” De acordo com dados da ONG Think Olga, 57% das mulheres entre 36 e 55 anos são responsáveis por cuidar de alguém, mas essas mesmas mulheres frequentemente não recebem o mesmo nível de cuidado quando são elas que necessitam de apoio e suporte.
Essa sobrecarga, seja ela física ou emocional, tem impactos profundos na saúde das mulheres em várias dimensões. O relatório intitulado “Esgotadas” da organização Think Olga apresenta dados alarmantes: de acordo com informações da Organização Internacional IHME, em 2019, no Brasil, 49 milhões de pessoas viviam com algum tipo de transtorno mental ou relacionado ao uso de substâncias, sendo que 53% desse total eram mulheres. Esta situação foi agravada pela pandemia da Covid-19, resultando em um cenário de maior vulnerabilidade financeira e social, que afeta, em grande parte, as comunidades negras e pardas.
O debate sobre o esgotamento feminino é um passo crucial para lançar luz sobre um problema que, por muito tempo, foi negligenciado em nossa sociedade. Além disso, a conscientização acerca das desigualdades de gênero deve ser fomentada, incentivando parcerias equitativas e a participação igualitária dos homens nas tarefas domésticas e no cuidado. Para isso, é essencial que políticas públicas sejam desenvolvidas para auxiliar as mulheres a encontrar um equilíbrio entre suas responsabilidades de cuidado e suas próprias aspirações.
A importância de romper essa sobrecarga silenciosa do trabalho invisível
O primeiro passo para interromper essa cultura de exploração da figura feminina é tirar da obscuridade essa sobrecarga mental e tarefas invisíveis que diariamente são impostas às mulheres, originária de uma estrutura patriarcal na qual as mulheres eram criadas para desempenhar o papel de esposas multifuncionais, fazendo com que a figura feminina ainda está sujeita a esse tipo de vulnerabilidade.
Enquanto aos homens é reservado o direito ao descanso após o período de trabalho, boa parte das mulheres enfrenta uma dupla jornada exaustiva, na qual lhes é negado o direito igualitário ao descanso e ao autocuidado. Esse cenário é ainda mais desafiador para as mulheres com filhos, independentemente de estarem ou não acompanhadas por um parceiro, pois são obrigadas a trabalhar para manter as despesas familiares, ao mesmo tempo em que cuidam sozinhas das tarefas domésticas e da criação dos filhos.
O resultado são mulheres que se encontram física e mentalmente exaustas, estando completamente vulneráveis a quadros de ansiedade e depressão. Essa pressão constante para desempenhar múltiplas funções gera um estresse crônico, tornando-as suscetíveis a problemas de saúde mental, devido à pressão implacável e à falta de tempo para cuidar de si mesmas. É fundamental que a sociedade reconheça o impacto desse desgaste emocional na vida das mulheres e promova políticas públicas que incentivem a conscientização sobre a importância do compartilhamento de responsabilidades.
Além disso, é crucial proporcionar um ambiente que permita às mulheres a busca pelo equilíbrio saudável entre suas diversas funções, apoiando o seu bem-estar emocional e oferecendo o suporte necessário para a preservação de sua saúde mental. Somente com essas mudanças, poderemos vislumbrar um futuro mais justo para as mulheres, com direitos garantidos à sua qualidade de vida e à preservação da saúde emocional.
Com o apoio de uma equipe de especialistas comprometidas com a saúde mental das mulheres, a ONG Think Olga elaborou um relatório completo sobre a triste realidade das mulheres no Brasil. Para acessar o estudo na íntegra e obter informações mais detalhadas sobre esse trabalho essencial, basta acessar o link https://lab.thinkolga.com/esgotadas/ e explorar os diversos artigos que abordam temas relacionados à desigualdade de gênero. Essa é uma oportunidade crucial para se informar e tomar medidas em prol de uma sociedade mais justa e igualitária para todas as mulheres.