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Rita Lee Jones, além de uma grande artista brasileira, foi o símbolo dos direitos das mulheres e a representação mais pura da liberdade de ser e amar.
No dia 31 de dezembro de 1947, nasceu o ícone da música brasileira. Filha de um dentista americano e uma pianista brasileira, Rita Lee mudou o rumo do rock e a forma de pensar de uma geração. Compositora, escritora, cantora e ativista, Rita Lee transcendeu a música popular e, com um talento incomparável, apresentou ao mundo uma nova forma de fazer música e amar.
Ela iniciou sua jornada musical aos 16 anos, em um trio de vocais femininos intitulado “Teenage Singers”. No entanto, foi em 1966, com a criação da banda Os Mutantes, que a cantora deu início à sua ascensão musical ao lado de seus dois irmãos. A banda trazia uma proposta ousada e revolucionária, o que a fez conquistar reconhecimento mundial e parcerias de peso como Gilberto Gil e Caetano Veloso.
Após o grande sucesso na banda, Rita Lee seguiu carreira solo em 1970. Seus discos bateram recordes de vendas e suas músicas alcançaram a primeira posição nas paradas. Foi durante a ascensão de sua carreira que a cantora conheceu o músico Roberto de Carvalho, o grande amor de sua vida, com quem consolidou sua carreira e construiu uma linda família.
Ao longo de sua vida, com ousadia e coragem, Rita Lee se tornou um grande marco na luta pela igualdade feminina. Através de composições polêmicas, uma postura empoderada e sua incansável luta pelo fim do silenciamento feminino, a cantora enfrentou com veemência e bravura a ditadura e o patriarcado do país.
Rita Lee faleceu aos 75 anos, no dia oito de maio de 2023, em sua residência na cidade de São Paulo, em decorrência de um câncer no pulmão. A cantora foi diagnosticada com a doença em 2021, e desde então, superou os prognósticos dados pelos médicos, enfrentando uma longa batalha contra um câncer severo. Ela partiu ao lado de seus familiares, amparada pelo amor e pela paz.
O legado de Rita Lee na luta pela igualdade de gênero
Rita Lee quebrou todas as barreiras de um setor musical completamente engessado e machista, que rotulava as mulheres de forma sexista e com uma abordagem extremamente preconceituosa. Não satisfeita com essa grande conquista para a época, a cantora apresentou ao mundo músicas com composições livres e polêmicas, trazendo abertamente o empoderamento feminino, sem pudor, tornando-se um ícone da liberdade de expressão.
A cantora foi uma das primeiras artistas do segmento a abordar abertamente a liberdade e os direitos das mulheres, trazendo em suas letras uma abordagem dos anseios femininos sem limitações. Ao longo de sua carreira, usou suas músicas e a sua própria imagem para lutar pela liberdade e igualdade das mulheres, combatendo os estereótipos de gênero dentro da indústria musical e na sociedade como um todo. Isso lhe rendeu perseguições políticas e diversas tentativas claras de censura.
Seu senso de justiça não parou por aí. A cantora lutou pelos direitos e pelo respeito às pessoas LGBTQIA+, defendendo a liberdade de ser e de amar sem qualquer tipo de perseguição. Em sua vida, também combateu a exploração animal, chegando a lançar a música “Odeio Rodeio” em parceria com Chico César, na qual fazia um protesto claro contra a prática de rodeios e vaquejadas. Entre seus grandes feitos pela causa, Rita Lee atuou no resgate de uma ursa, ato que inspirou um de seus livros intitulado “Amiga Ursa”.
Rita Lee Jones de Carvalho deixou seu legado artístico cravado no universo musical e, com seus ideais revolucionários, contribuiu para a construção de uma sociedade mais justa e aberta ao novo. Seu último livro, escrito durante sua luta contra o câncer, intitulado “Rita Lee – Outra Autobiografia”, é considerado por ela como seu último ato de vida. Nele, ela abordou com delicadeza e sem tabu os mistérios da morte e a forma realista como os reconhecia. Como parte de seu legado, Rita Lee Jones não morreu, ela vive na luta pela liberdade, em cada nota musical e no puro e simples ato de amar.