Conheça a história da atleta Simone Batista que quebrou todas as barreiras impostas pela vida com muita superação e determinação.
No mundo das artes marciais, existem histórias que inspiram e mostram a verdadeira força e determinação feminina. Uma dessas histórias é a da atleta Simone Batista, uma competidora e professora de Muay Thai e Kickboxing, integrante da equipe FTT. Com 34 anos de idade, Simone é um exemplo de perseverança e superação, tendo trilhado um caminho surpreendente dentro e fora do ringue.
Desde muito jovem, foi fascinada pelas lutas, um amor que se tornou ainda mais forte após participar de um projeto de capoeira na escola. A atleta ia às aulas escondida de sua mãe que não aprovava a filha neste esporte. O que ela não sabia é que a Simone já estava trilhando sua jornada rumo ao mundo das artes marciais. Inicialmente, a atleta seguiu na carreira de fotografia, cinegrafia e edição, começando sua jornada com apenas 14 anos, quando decidiu sair da casa de sua mãe. Aos 18 anos, deu à luz sua primeira filha, Íris, e com sua chegada cheia de amor veio também mais um desafio: um ganho de peso de 30 quilos durante a gestação. Determinada a retomar seu peso e levar uma vida mais saudável, Simone voltou à capoeira aos 19 anos.
Foi nesse momento que sua história tomou um rumo ainda mais surpreendente, quando recebeu um convite inesperado que a levou a uma aula experimental de Muay Thai, ministrada pelo professor Rômulo Lenarduzzi, que continua sendo seu mentor até hoje. Com uma determinação única, Simone evoluiu na modalidade e se viu apaixonada pelo esporte, tomando a decisão de continuar e se aperfeiçoar ainda mais. Seis meses de treinamento resultaram em uma perda de 15 quilos e uma oportunidade de lutar profissionalmente. Embora sua primeira adversária não tenha comparecido, Simone aceitou desafiar uma oponente mais experiente. Ela riu ao lembrar: “Nunca apanhei tanto na vida, mas decidi continuar”. O Muay Thai tinha conquistado seu coração, se tornando uma válvula de escape em meio às responsabilidades da maternidade e do dia a dia.
Por um tempo ela participou de várias lutas amadoras, mas a vida reservaria outra surpresa quando, aos 25 anos, ela descobriu que estava grávida de sua segunda filha, Sarah. Embora o ganho de peso tenha sido inevitável, Simone encarou o desafio de frente e voltou ao Muay Thai com determinação, alcançando um nível de luta semiprofissional.
Sua história é um testemunho da resiliência e da paixão por superar obstáculos. Ela encontrou força, autoestima e uma comunidade de apoio nas artes marciais, provando que o esporte não apenas transforma o corpo, mas também nutre a alma. Confira abaixo a entrevista exclusiva feita com a atleta que nos contou um pouco sobre sua jornada de vida e sua trajetória no esporte que a tornaram um exemplo de determinação e superação.
O que a levou a escolher especificamente esse esporte como sua paixão? Poderia nos contar um pouco sobre a sua trajetória nesse esporte?
Sempre fui fascinada por lutas. Comecei com 12 anos na capoeira em um projeto da escola onde ia escondido da minha mãe, porque ela não gostava. O Muay Thai me encantou porque era onde eu conseguia extravasar. Com 19 anos, mãe solteira, trabalhando, estudando e morando sozinha, o esporte virou minha válvula de escape onde também conseguia emagrecer junto.
O esporte fez bem para o meu corpo e para minha alma. O tempo passou, fui fazendo algumas lutas amadoras. Com 25 anos veio a surpresa, estava grávida da minha segunda filha, Sarah, e então engordei tudo novamente e entrei em uma fase horrível da vida, onde decidi voltar pro Muay Thai e desta vez voltei forte e já em luta semiprofissional.
Como você deu os primeiros passos no mundo do Muay Thai/Kickboxing?
Me convidaram para fazer uma aula experimental de Muay Thai com o professor Rômulo Lenarduzzi, meu treinador até hoje. Eu fui super mal na primeira aula, mas adorei e decidi continuar e em seis meses de treino eu tinha perdido 15 quilos e fechamos uma luta, onde minha adversária não compareceu e eu aceitei lutar com outra mais experiente que eu… rsrs nunca apanhei tanto na vida, mas decidi continuar. O Muay Thai me encantou porque era onde eu conseguia extravasar.
Quais foram algumas das suas maiores conquistas, como títulos e cinturões?
Fui campeã da New Talents e sou campeã Panamericana por duas vezes. Tenho 3 cinturões, hoje minhas lutas somam um total de 27. Entre modalidades como o Boxe, Kickboxing e Muay Thai são 4 derrotas e 23 vitórias.
Ao longo da sua carreira, quais foram os desafios mais significativos que você enfrentou como atleta e como conseguiu superá-los?
O maior desafio da minha carreira foi a luta da SFT na Band, onde enfrentei a atleta Nagila Goku. Desafio não pela atleta, e sim porque tinha acabado de trocar de equipe e estava a quase um ano sem lutar por conta da minha mandíbula. Que em um acidente de treino, tomei uma joelhada na boca fraturando em quatro partes a minha mandíbula. Resumindo, aceitei a luta que não deveria aceitar. Me recuperei e voltei a lutar, lutei Sparta.
Fui chamada para disputar um cinturão na cidade de Socorro, em São Paulo, e este foi um desafio gigante também. A minha adversária, Beatriz França, não bateu o peso com a envergadura, estando maior que a minha e mais forte. Bom, aceitei lutar… Primeiro round ela me deu um chute frontal na boca quebrando minha mandíbula novamente, só que desta vez em 5 lugares.
Quando cai, vi minha filha mais velha, que estava perto do ringue, chorando. Então, olhei pra adversária que estava me provocando, rebolando e sorrindo da situação. Foi quando pedi forças para Deus e me levantei. Foi incrível, pois virei a luta e ganhei os outros 4 rounds, trazendo o cinturão da Elektra Fight.
Quais são os seus objetivos futuros no Muay Thai/Kickboxing? Há algum sonho ou meta que você deseja alcançar dentro do esporte?
Estou me recuperando da mandíbula ainda e mesmo assim no dia 23 de julho deste ano trouxe o cinturão do Challenge. Meu sonho e meu objetivo é lutar no Glory, um evento de Kickboxing e no WGP. E terminar minha faculdade para poder trabalhar com preparação física para atletas.
A importância do apoio da família e dos amigos é frequentemente um fator crucial para os atletas. Como o apoio deles influenciou sua jornada e contribuiu para o seu sucesso?
A minha família é essencial na minha carreira. Hoje, meu marido, Clayton C. Segala, e eu abrimos uma loja de produtos naturais, onde Deus abriu as portas para compramos nossa academia, que hoje é meu trabalho fixo e nosso lar. Minhas filhas Íris, Melissa, Sarah e meu marido sempre estão me acompanhado nas lutas, me dando forças sendo minha maior torcida, os que me levantam nos perrengues no ringue. Meu marido sempre divulga meu trabalho, eu nunca fui de postar muita coisa, então ele tem muita parte no sucesso da minha carreira.
O tema da igualdade de gênero é relevante em muitos esportes. Como você lida com essa questão no Muay Thai/Kickboxing? Você já enfrentou algum tipo de preconceito ou desigualdade de gênero por ser uma mulher praticante desse esporte?
Em 2019, conheci um professor de boxe que me treinou durante dois anos, o professor Lindomar Persil. Ele me ensinou que quando pisamos no tatame só o peso e a experiência de treino contam, não tem preconceito, não tem homem e não tem mulher, todos são iguais, pelo menos nas equipes que passei foi assim. Acredito que nós mulheres que lutam não temos do que reclamar na luta, ao contrário muito professor prefere treinar mulheres. Meu mestre Jeferson China é a prova viva disso.
Quando você não está focada nos treinos e nas competições, o que mais gosta de fazer? Como costuma aproveitar seus momentos de lazer e relaxamento?
Quando estou no momento de lazer, como é muito difícil eu não estar focada na luta, gosto de treinar mesmo sem luta marcada e dou muita aula ajudando no CT treinando os competidores. Mas, eu gosto muito de cozinhar, muito mesmo e gosto de acampar, sempre estamos indo à praia. Tudo que é relacionado a natureza eu gosto e sempre com minhas crianças.
Qual mensagem você gostaria de compartilhar com as mulheres que estão buscando seus próprios caminhos no esporte e na vida, com base em sua experiência e jornada?
Para as mulheres que estão começando é ter perseverança e respeito. Treino, treino, e muito treino. Errou começa de novo, apanhou levanta a guarda e começa de novo. Na vida a regra é igual, se errou sempre dá para começar e recomeçar até dar certo.