Diferente da depressão convencional, a condição é silenciosa e invisível, podendo causar danos severos à saúde.
Você já ouviu falar na depressão de alto funcionamento? Ao contrário da depressão convencional, que costuma ser marcada por sintomas mais visíveis como a dificuldade de sair da cama, falta de energia ou isolamento, a depressão de alto funcionamento é silenciosa. A pessoa consegue trabalhar, manter relações sociais, praticar atividades de lazer e, muitas vezes, aparenta estar bem, mas por dentro existe um cansaço profundo, uma tristeza constante e a sensação de carregar um peso invisível e solitário.
Esses sintomas são mais comuns do que você imagina, principalmente entre mulheres. E não é difícil entender o motivo. Além de fatores biológicos, como as diversas mudanças hormonais que enfrentamos ao longo da vida e que podem contribuir para o surgimento da depressão, existe também a cobrança social. Desde cedo, aprendemos que precisamos dar conta de tudo sem reclamar e sem demonstrar cansaço.
Quantas vezes você já não ouviu ou pensou que não tinha o direito de parar? A pressão constante faz com que muitas mulheres escondam suas dores e finjam estar bem o tempo todo, acreditando que admitir a exaustão é sinal de fraqueza ou incapacidade.

O mecanismo silencioso: a cultura que nos impõe o papel de cuidadora e não nos permite ser cuidadas, nem por nós mesmas.
Talvez você esteja se perguntando: por que tantas mulheres desenvolvem justamente esse tipo de depressão? A resposta está na própria estrutura da sociedade, construída sobre uma cultura que impõe às figuras femininas a sobrecarga constante. Muitas vivem esgotadas, deprimidas e obrigadas a esconder suas dores atrás de um sorriso, sempre colocando o bem-estar dos outros em primeiro lugar. Mas, essa dor silenciosa tem nome e precisa ser dita, explicada e reconhecida para que possamos, enfim, romper com a rede de exploração psicológica sobre elas.
Esse padrão cultural transforma a exaustão em dever e torna o sofrimento feminino invisível. A sobrecarga mental, especialmente nas decisões do dia a dia doméstico — quase sempre atribuídas às mulheres — é apenas uma das expressões desse desgaste. Falar sobre o cansaço feminino, portanto, é um ato de resistência e reparação histórica. É romper com a ideia de que precisamos suportar tudo em silêncio. É reivindicar o direito de existir de forma plena, com nossos limites reconhecidos e respeitados.
Se você está enfrentando algo semelhante à depressão de alto funcionamento, saiba que não está sozinha e que buscar ajuda é parte desse rompimento. Você também tem direito ao cuidado e, principalmente, ao autocuidado. Converse com alguém da sua rede de apoio, procure um profissional especializado e comece a desfazer essa teia de exploração. A felicidade não deve ser um papel a ser interpretado, mas uma vivência legítima, sentida em sua totalidade.
*Você não está sozinha: se precisar de apoio emocional e psicológico gratuito , entre em contato com o CVV (188). A assistência está disponível 24 horas.