A significativa atuação da ministra Cármen Lúcia no julgamento da inelegibilidade do ex-presidente e sua representatividade na história política do Brasil.
No dia 30 de junho de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) finalizou o julgamento que tornou o ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, inelegível por um período de oito anos, com cinco votos favoráveis e dois contrários, o acusado está impedido de disputar as eleições até o ano de 2030.
A ação julgava o abuso de poder político e o uso indevido de meios de comunicação decorrentes de uma reunião convocada pelo ex-presidente em julho de 2022, no Palácio da Alvorada, com a presença de dezenas de diplomatas estrangeiros. Na ocasião, Jair Bolsonaro, que era pré-candidato à reeleição, fez acusações falsas e infundadas sobre a segurança do sistema eleitoral do Brasil.
O relator da ação, Benedito Gonçalves, classificou as ações de Bolsonaro como um “flerte perigoso com o golpismo” e abriu o julgamento com seu voto a favor da inelegibilidade. Sua posição foi acompanhada por mais quatro ministros que compunham a sessão.
Destaca-se o voto da ministra Cármen Lúcia, que foi decisivo para formar a maioria pela inelegibilidade do ex-presidente. Seu voto recebeu atenção mundial, graças à sua postura em defesa clara do sistema eleitoral e por toda a simbologia que representa para o atual cenário político.
A representatividade do voto da ministra Cármen Lúcia
Nascida em Minas Gerais e formada em Direito Constitucional pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Cármen Lúcia, antes de se tornar ministra da Suprema Corte, também atuou como professora de Direito Constitucional na PUC-MG, além de ter sido advogada e procuradora do Estado de Minas Gerais.
Em 2006, Cármen Lúcia foi indicada para o TSE, tornando-se a primeira mulher na história do Brasil a presidir o Tribunal Superior Eleitoral. Suas grandes conquistas não param por aí. Em 2024, a ministra receberá outro grande título, tornando-se a primeira mulher a presidir a Corte Eleitoral ao assumir o lugar do ministro Alexandre de Moraes, cujo mandato terminará no próximo ano.
Com uma postura ímpar e um posicionamento firme e respeitado tanto no âmbito político quanto jurídico, a ministra Cármen Lúcia comprovou mais uma vez sua determinação e vasto conhecimento das leis ao consolidar a maioria dos votos favoráveis à inelegibilidade do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro.
Seu papel no julgamento da inelegibilidade do ex-presidente, para muitos, foi além do aspecto jurídico. Há também toda uma simbologia envolvida. Bolsonaro, que em várias ocasiões proferiu falas com conotações machistas, viu seu futuro político dissipado pelos próximos oito anos pelo voto de uma ministra mulher, que demonstrou com muita seriedade seu respeito à democracia e sua incansável defesa a constituição e ao sistema eleitoral brasileiro.
A ministra, que já era um símbolo de representatividade feminina ao conquistar um cargo que sempre foi destinado a ministros do sexo masculino, ascendeu ainda mais na história política do Brasil ao combater e condenar um ex-líder da República que ousou colocar em risco a segurança do maior sistema de proteção da democracia brasileira.