A importância das mulheres para a agricultura familiar

As mulheres têm um papel fundamental na agricultura, no processo alimentar e no sistema de combate à fome, mas não usufruem dos mesmos benefícios que os homens na área.

Dados da ONU apontam que em torno de 40% da força de trabalho agrícola nos países em desenvolvimento é composta por mulheres, elas são responsáveis por grande parte da produção de alimentos do mundo, além de exercerem um papel fundamental na preservação da biodiversidade e garantirem a soberania e a segurança alimentar por se dedicarem à produção de alimentos saudáveis. Porém, menos de 20% das delas são as reais proprietárias das terras e das áreas de plantação.

Para a ONU Mulheres (Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento da Mulher), é urgente o fim dessa desigualdade de poder e de gênero, já que elas possuem um papel fundamental nos sistemas alimentares, atuando como agentes essenciais no desenvolvimento da sociedade, com uma contribuição para a segurança alimentar e nutricional e para a erradicação da fome no mundo. Não há o que justifique o fato delas ganharem menos ou serem menos favorecidas, tendo inclusive uma maior chance de passarem por situações de insegurança alimentar.  

Quais são as maiores dificuldades para as mulheres no campo?

A desigualdade de gênero no mercado de trabalho afeta as mulheres de forma intensa e negativa, esse cenário não é diferente no campo. Segundo dados do Dieese, mesmo trabalhando igualmente em níveis braçais, mais de 30% das mulheres do campo não possuem qualquer remuneração, e das que são remuneradas, mais de 80% recebem apenas um salário mínimo.

Além disso, outros fatores tornam-se agravantes quando se trata das dificuldades das mulheres na agricultura. A descriminação é sem dúvida o principal deles, no cenário agrícola elas não são reconhecidas como líderes, sendo vistas apenas como prestadoras de serviços auxiliares sem capacidade física e intelectual. As formas de preconceitos também afetam as áreas de investimentos como a concessão de crédito, apenas 10% delas conseguem acesso a crédito rural.

Se não bastasse todos os obstáculos enfrentados no cotidiano de trabalho, cabe a elas ainda conciliar a rotina no campo com o trabalho doméstico, que majoritariamente são exercidas por mulheres, acumulando assim, uma dupla jornada exaustiva e não reconhecida. Com pouco descanso e uma sobrecarga física, muitas acabam com sérios problemas de saúde.

O que está sendo feito para diminuir a desigualdade para as mulheres do campo?

Nos últimos anos, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) tem desenvolvido programas de integração de gênero tendo como parte do processo, estudar a realidade as mulheres rurais. Através desses estudos puderam comprovar que quando elas passam a ter os mesmos acessos que os homens a recursos produtivos e financeiros, igualdade de renda, educação e serviços, há um aumento considerável na produção agrícola e uma redução significativa no número de pessoas pobres e com fome.

Com isso é possível constatar que para reconstruir as falhas no sistema global de alimentação é preciso colocar o novo plano de igualdade de gênero, justiça social e sustentabilidade no centro do debate. O Dia Internacional das Mulheres Rurais é uma data que ressalta a necessidade de se pensar em políticas de gênero para ampliar os benefícios das produtoras rurais com o intuito de criar um impacto positivo em toda a cadeia alimentar.

Uma abordagem agrícola igualitária tem demonstrado efeitos benéficos para as produtoras familiares, além de apoiar a segurança alimentar e a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas. Apoie pequenas produtoras locais comprando suas mercadorias, incentive o seu trabalho no campo divulgando e conheça mais sobre os programas de igualdade de gênero desenvolvido pela ONU Mulheres clicando aqui.

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